segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Amiga Parência

Hoje está um dia mesmo bonito. Céu limpo, muito Sol e, no entanto, pouco calor. Eu até nem sou pessoa de adorar dias assim, mas que eles fazem bem às pessoas lá isso fazem. Parece que as deixam mais alegres e desinibidas. Eu acho.
Moro ao lado de uma escola e, mesmo em frente ao prédio onde vivo, há um outro, mais velho e com imensas varandas, que variam entre dois tamanhos.
Estou no 5º andar, à janela do quarto do meu irmão. No 2º andar do prédio em frente, numa das varandas grandes, está um grupo de 5 rapazes universitários muito… extrovertidos. Um deles está em tronco nu, a falar com uns miúdos que se penduraram nas redes da escola porque ouviram a melodia que saía de casa deles, dos mais velhos. É a mesma melodia que a Dora tem na caixinha de música. O tal rapaz em tronco nu tem problemas de costas. Sei porque traz um daqueles “coletes” para ajudar a mantê-las direitas. Os miúdos estão a gozar com ele e ele diz qualquer coisa como: “Vou fazer queixinhas ao meu pai! Vais ver!”. Um dos miudinhos responde-lhe com sinais.
Eles, os universitários ressacados, têm um megafone e põem se a cantar e a mandar piropos às senhoras que passam.
Os mais pequenos desistiram. Desceram das redes e foram jogar futebol com os outros colegas. Quem não desiste de chamar à atenção é a rapariga de camisola cor-de-laranja, exposta ao sol, duas varandas ao lado da deles. Está à meia hora a fingir que apanha a roupa do estendal, mas quando os rapazes aparecem à varanda, olha logo. Está a ver se engata algum.
Engraçado. Estão a aparecer mais pessoas às varandas. Há uma completamente tapada por plantas, é impossível ver a casa por dentro.
Agora pôs se à varanda uma miúda de azul, a pintar as unhas virada para o (quase) pôr-do-sol.
Por cima da janela dos “extrovertidos” há um quarto cheio de bonecas de porcelana viradas para a rua. Acho-as assustadoras, mas também, ultimamente tudo me assusta.
Cheira-me tanto a torradas. Torradas lembram-me uma conversa que tive há alguns dias atrás.
Vejo coisas mesmo engraçadas aqui (de vez em quando) e nunca ninguém me apanha a espreitar, nem quando o faço com o “táxi”.

Parência.

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