sábado, 8 de maio de 2010

Dormias com trajados,
Roubavas-lhes as capas
E forravas os teus
Sofás com elas.

Foi assim. E amanhã, como
será?
Abre o coração e deixa sair esse réptil.





sábado, 3 de abril de 2010

Nota de Ninguém

Há dias em que acordo e não me revejo em nada, nesta casa. Não reconheço ninguém, nem nas cores nem nas histórias. E a vontade de fugir é tanta, e a força de ficar tão grande. Ninguém me lava a alma, negra como Annabel. Por isso, e mais que não posso confessar pelo medo de te ouvir chamar-me louco, peço-te que compreendas que não posso tocar alegria quando só sinto tristeza. Vamos tentar outra música?

Vincent

domingo, 27 de dezembro de 2009

O meu corpo dança quando está junto ao teu. Quando as tuas mãos me beijam e os teus olhos me abraçam.
Estamos juntos, porque o meu corpo está quente e eu sinto-o dançar, como nos teus lençóis.
Uma valsa?
Terra Estrangeira (filme de Walter Salles)

"É a primeira vez que vem a Portugal, não é? Posso lhe dizer uma coisa: isto aqui não é sítio para encontrar ninguém. Isto é uma terra de gente que partiu para o mar. É o lugar ideal para perder alguém ou para se perder de si próprio."

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Um dia vou contar-vos a história do homem-bala que casou com Jenny e Marylin, as gémeas parasitas.
Consolação
Quando as flores morreram, morreu toda a sua esperança de ser feliz para sempre. O homem que lhe oferecera as flores, fizera-lhe inúmeras promessas que agora quebrava.
Com o coração a mil, os olhos inchados, a cabeça a arder e o rosto molhado, era difícil descansar, mesmo por uns minutos. Sentia-se traída. Passou a noite em claro, à espera de uma resposta, de um consolo, que nunca chegou. Passou-se uma semana sem que não saísse da cama e não parasse de chorar. Morreu de desgosto ao fim de sete intermináveis e penosos dias. Deteriorada pela fome, pela falta de movimentos, pela solidão. Partiu sem o calor que lhe haviam prometido ser eterno. Partiu deixando a sua própria dor cravada no peito daquele que provocara o seu terrível fim. Cravou tão fundo que também ele acabou por morrer. Foi a segunda vítima de um arrependimento que chegou tarde demais. Mas ela podia agora, finalmente, dormir.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

sábado, 20 de junho de 2009

Forrei as paredes do teu quarto com imagens que recortei de revistas e jornais presos na minha alma

Gostei sempre de contar as vidas dos outros. Ouvi, com prazer, tudo o que tinham para contar, sem nunca parar para pensar na minha própria história e em como seria bom poder contá-la a alguém. Nunca fiz questão de ser ouvida, também porque para mim foi sempre muito mais fácil dizer o que sentia, quando era necessário dizê-lo, escrevendo.
Gostava de me sentar no teu quarto e passar horas a escrever para ti, sem nunca te dar a conhecer uma única palavra. Não fico mais triste por isso. Quando me deito ao teu lado e me beijas, como se nunca o tivesses feito, sei que descobres a minha alma e vasculhas todas as suas gavetas e assim me vais amando e assim eu vou contando a minha história, aos teus lábios cor-de-rosa.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

"Si tu veux écrit moi
Je serais ta liberté"