sábado, 14 de março de 2009

O dia começa quando me sussurras amor ao ouvido e nos deixámos compreender.
Teorias
Toda a gente se apaixonava por ele. Era uma pessoa bonita e muito interessante, é verdade, mas as relações nunca passavam dos 3 meses, até que apareceu a Miríam e transformou tudo à volta dele.
Foi diferente. Só sabiam amar juntos. E soavam tão bem como uma Dança de Tchaicovsky.
Houve sempre muita falta de comunicação entre ele e os que dele se aproximavam. Já com a Miríam... Surprendeu-o com um beijo que ainda hoje o faz render-se. Não avisou antes nem precisou de dizer nada depois.
Eu já sabia que as palavras atrapalhavam muito na hora de expôr o coração ao resto do mundo, mas é sempre bom ter como provar uma teoria. Toda a gente sabia que tudo era relativo, mesmo antes do Einstein, mas ele provou-o e tirou-nos o mérito. Se bem que todos dizem que a teoria nada tem que ver com o que é relativo ou não, mas não liguem ao que eu digo, não vale a pena. O que sabe sobre relações e ciência uma velha solteira e ignorante de 42 anos? Nada, claro.
"Beijar-te não foi esclarecedor?", escreveu-lhe Miríam nas costas, com beijos.

terça-feira, 3 de março de 2009

Celebrar a Bossa Nova

Eram 2h da manhã. No quarto que ficava no sótão a bebé Lavínia dormia, tranquila, e o gato Louco, preso à porta do armário, miava, impaciente. No rés-do-chão, já deitados, Dalila e Zé trocavam beijos e abraços, cúmplices como sempre. Mas a noite ainda estava a começar para os amigos que, na sala, entre litros de vinho e charutos, faziam a festa.
Na casa de que vos falo nunca faltou vinho e música. Às pessoas que nela moravam, e que por ela passavam, nunca vi faltar a boa-disposição e a vontade de festejar. Era uma casa de e para artistas, e Lavinía era a mais recente obra-prima.
O Diogo fazia anos. Era o seu primeiro aniversário como pai, o que lhe parecia um duplo motivo para celebrar. Passavam meses sem se ver e depois bebiam até não poder mais, dançavam toda a noite, habituados a bailes, conversavam e riam. Passavam-se horas assim, era como se estivessem estado sempre juntos. As músicas estavam sempre na ponta da língua, prontas a serem cantadas. Os abraços mostravam-se sinceros. As gargalhadas também.
Aquela festa foi especial para todos. Tinham se passado dois anos desde a última e muito tinha mudado na vida de todos eles. Quando a voz que saía da rádio se deixou espalhar por toda a sala e se ouviu que
o amor se deixa surpreender enquanto a noite nos vem envolver, a Teresa e o Luís beijaram-se. Estavam prestes a começar, juntos, a vida que andavam a tentar esquecer há quase 10 anos. Dali a uns meses já se tinham mudado para uma casa nova, já pensavam em filhos. Mais do que tudo queriam ver o mundo, vivê-lo.
Houve falta de comunicação durante todo o tempo que precedeu aquele momento (a do tipo não-verbal, se me faço entender). A bossa nova chegou para ajudar.
Depois do aconchego e do beijo na testa da Lavínia, o gato Louco miava, mas agora pachorrento, em direcção ao telhado, salvo por Diogo.